quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O choro influencia o jazz, que influencia o choro

Dizem que ele já nasceu americanizado e no início do século XX já podia ser ouvido, tocado e admirado em Nova Orleans. O improviso teria chegado por aqui um pouco depois influenciando os primeiros grupos de choro e transformando o tal jazz em uma outra coisa, totalmente brasileira.

"Se você precisa perguntar o que é jazz, então você nunca vai saber", dizia Louis "Satchmo" Armstrong. Durante cinco dias nós vamos reformular a questão para saber se o que fazemos por aqui, está ou não dentro do verbete. ISSO É JAZZ? levanta o debate e pede passagem convidando alguns dos mais importantes instrumentistas brasileiros. A resposta é toda sua.

Leia, a seguir, dois dedos de prosa com o Aquarela Carioca, escolhido para abrir a série essa noite:

ISSO É JAZZ - Na estrada há mais de 20 anos, o quinteto vem executando um pouco de tudo, entre clássicos e composições próprias. Quais são as principais referências do grupo?
AQUARELA CARIOCA - O Aquarela, com Marcos Suzano, Lui Coimbra, Paulo Muylaert, Paulo Brandão e Mário Sève, tem uma formação inusitada, na qual o cello convive bem com a guitarra distorcida e o baixo elétrico, assim como o pandeiro plugado com o saxofone. Foi criado por cinco músicos (urbanos) cariocas que sempre ouviram de tudo, desde clássicos da MPB, do rock, do samba, do pop, do afro até o jazz americano. Navegamos em muitas praias, fizemos um CD com o Ney Matogrosso, viajamos o mundo com ele. É natural que na mistura do grupo tenha um pouco de tudo, dessas referências.

ISSO - Vocês acreditam que existe uma forma de jazz essencialmente brasileiro? Qual é o peso da "tradição instrumental brasileira" na personalidade do Aquarela Carioca?
AQUARELA - Acreditamos que existe na música brasileira uma característica maravilhosa: a de tudo ouvir e recriar. Gostamos de harmonia, de liberdade, de ritmo, de criar melodias. Obviamente, da sua maneira, o jazz tem isso. Para nós, nossa tradicional "música dos músicos" está no choro, suas raízes e derivados... Nazareth, Pixinguinha, Radamés, Villa, Egberto e Hermeto. Impossível um grupo instrumental soar brasileiro sem essa base. Mas acho também legal a música do Aquarela estar desprovida de rótulos e contextualizações; com caráter, ufa..., "não-temático".

ISSO - O que vocês prepararam para a apresentação que abre o Isso é jazz?
AQUARELA - Mostraremos uma coletânea de obras de nossos CDs, inclusive do recém lançado e pouco tocado "Mundo da Rua". No geral, o roteiro do show é formado por temas que o público do Aquarela vai, certamente, adorar (re)ouvir, já que há um ano não nos apresentamos no Rio. Teremos Led Zeppelin, Caetano, Guinga, Piazzolla, Villa Lobos, Korsakov, Abdulah Ibrahin e autorais.

Por Marcelo Pacheco
Foto divulgação

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