terça-feira, 7 de dezembro de 2010

ISSO É JAZZ? rola entre 8 e 12.12, na CAIXA

Estimular o ouvido e o pensamento para o jazz que nasce no couro de um pandeiro, nas cordas de uma guitarra e nas chaves de um saxofone bem brasileiros. Foi para isso que pensamos na série ISSO É JAZZ?. Queremos investigar de que maneira os músicos do país do samba, do choro e da bossa nova processam as heranças do jazz mundial e combinam seus elementos com o nosso instrumental, que é rico harmônica e melodicamente e conta com representantes de talento inquestionável como essas atrações que reunimos aqui. Escrevo esse release em primeira pessoa porque também assino a curadoria da série.

Produzida pela Baluarte Agência, a série será formada por cinco shows e um debate, realizados na CAIXA Cultural, entre os dias 8 e 12 de dezembro de 2010, às 19h. Nos roteiros, muitos temas autorais e reinvenções de clássicos. Em cada noite, uma formação: big band, sexteto, quinteto, trio e até um espetáculo solo. Para o debate, convocamos dois especialistas, seguindo a lição do pensador Marshall McLuhan, para quem “a palavra jazz vem do francês ‘jaser’, conversar. E o jazz é, na verdade, uma forma de diálogo entre instrumentistas”.

A estreia será com o Aquarela Carioca, que traz a maturidade de vinte anos na estrada revestida de uma embalagem bem contemporânea. A banda é formada por músicos experientes que ousam experimentar, seja ao lado de outros criadores ou, ainda, em admiráveis voos solo. São eles: Lui Coimbra (violoncelo, rabeca e voz), Mário Sève (saxofones, flautas e pífanos), Marcos Suzano (percussão, bateria e programações), Paulo Muylaert (guitarras, violão, viola, acordeão e programações) e Paulo Brandão (baixo, baixo com e-bow, sonoplastias, voz e programações).

Na quinta, dia 9, a UFRJazz Ensemble vem reforçar a série com a impetuosidade de seus arranjos atuais. É uma importante big band universitária, talvez a mais profissional do país. Foi criada pelo maestro José Rua durante a Oficina de Prática Instrumental da UFRJ há quase 15 anos e está na terceira geração de músicos da orquestra, por onde passou o célebre trombonista Raul de Souza, radicado nos Estados Unidos. Incluímos uma big band para reverenciar as formações que fizeram sucesso lá fora entre os anos 20 e 50 e, no Brasil, na década de 60 através das populares gafieiras.

Na sexta, dia 10, vamos escutar a guitarra incandescente do argentino Victor Biglione, premiado compositor de trilhas para cinema. É também o mais roqueiro das atrações do ‘Isso é Jazz?’ e essa característica nos será muito útil porque ele vai fazer a ponte entre os dois gêneros americanos. Victor lançou recentemente dois álbuns emblemáticos e na linha que pretendemos investigar: ‘Uma guitarra no Tom’, no qual relê os clássicos de Tom Jobim, gênio da bossa nova, outra música que influenciou e foi influenciada pelo jazz, e ‘Tributo a Ella Fitzgerald’, com a cantora Jane Duboc.

No sábado, dia 11, será a vez de comemorar os dez anos do bandolim de dez cordas, inventado por Hamilton de Holanda. O carioca educado em Brasília, que ultrapassou como poucos de seus pares as barreiras estilísticas do instrumento, vai fazer uma apresentação solo, a mesma que vem amealhando plateias e resenhas favoráveis na mídia internacional. Não é por menos. Hamilton é mais requisitado como solista do que acompanhador porque seu bandolim traz o desejado som da surpresa.

Para fechar, no domingo, dia 12, às 17h30, haverá um debate entre o compositor Bernardo Vilhena e o jornalista Roberto Muggiati, amigos de longa data. Vilhena é idealizador e curador do CopaFest, que avança para sua quarta edição e é todo dedicado à música instrumental, e Muggiati costuma dar cursos sobre a temática em escolas conceituadas e é autor de livros sobre jazz. Será um prato cheio para quem gosta de um papo inteligente, conduzido por quem realmente estuda e produz música.

Em seguida, às 19h, teremos o suingue do Jazzafinado, um sexteto de jazz formado por jovens cariocas. Eles tocam em bares há mais de uma década e lançaram dois discos fabulosos, com repertório próprio e dançante. Além do valor musical, claro, a banda enxerta no ISSO É JAZZ? aquela malandragem que vem das ruas, já que costuma tocar em quiosques ao ar livre. O Jazzafinado reúne Bernardo Bezerra (piano elétrico, teclados e gaita), Júlio Merlino (flauta soprano e saxofone alto), Rafael Garaffa (baixo), Rodrigo Borges (guitarra), Rodrigo Scofield (bateria) e Thiago Ferté (saxofone tenor).

A CAIXA Cultural RJ fica na Avenida Almirante Barroso, 25, Centro do Rio. Informações: (21) 2544.4080. Ingressos a R$ 10 (inteira); estudantes, maiores de 60 anos e funcionários da CAIXA pagam R$ 5 (meia entrada). Classificação livre; 189 lugares; acesso para portadores de necessidades especiais.

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